Como mobilizar e apoiar a cura natural [1]
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Três dias atrás eu estava andando no leito do nosso riacho, muito rochoso e remexido - e com uns 400 metros de largura - desde a grande inundação em setembro passado. Eu me descuidei e tropecei em um grande pedaço de pau, que me fez cair para a frente e com todo o meu peso sobre o lado direito, puxando os músculos da minha perna esquerda, de modo que eu só podia andar mancando e cambaleando com a maior parte do meu peso na perna direita. Meu joelho logo inchou e os músculos acima e abaixo do joelho ficaram muito doloridos.
Nós quase sempre notamos o aparecimento súbito de uma lesão, e o mesmo é verdadeiro para muitas doenças. Mas tendemos a não reparar na cura, o que é quase sempre mais gradual. Nossa imagem do início da lesão ou da doença é geralmente muito viva, enquanto a imagem da cura é normalmente fraca ou inexistente. Podemos ter ficado doente — e bem novamente — inúmeras vezes, mas acho que só nos lembramos de ficar doente, ignorando termos ficado bem. As pessoas costumam dizer algo como: "Eu estou sempre ficando doente", mas nunca ouvi alguém dizer: "Eu estou sempre ficando bem", apesar de que quase todos os "ficar doente" são seguidos pelo "ficar bem".
Isso cria um preconceito implícito na nossa memória e o pensamento de que isso certamente não é agradável e, provavelmente, não é útil no apoio à cura. Como podemos reequilibrar — ou mesmo reverter — esse preconceito inconsciente [3] de pensar principalmente no ficar doente, ignorando o ficar bem?
Existe uma maneira de ajudar na cura natural que eu tenho usado por anos, que "entra automaticamente em ação" sempre que eu estou ferido ou doente. Inicialmente o "clipe do meu filme" interno da queda, e a dor ou machucado resultante, era muito vívido na minha mente, juntamente com a atual dor ou machucado — e eu não tinha nenhuma imagem da cura. Então a primeira coisa que fiz foi reduzir a nitidez dessa imagem do início da dor, tornando-a mais fraca, menor, desvanecida, incolor e mais longe. Isso reduziu a sua importância na minha mente, e diminuiu a possibilidade dela continuar a eliciar [4] pensamentos de estar machucado, o que às vezes é chamado de "retraumatização."
Em seguida, acessei uma representação [5] interna de todas as vezes em que me curei de um ferimento ou doença — tudo desde um arranhão ou um machucado até um tornozelo quebrado na escola e várias internações por hemorragia interna durante o meu tempo estressante na faculdade. Como eu estou com 78 anos de idade, tenho muitos exemplos de cura.
Isso redireciona a minha atenção da memória desagradável do tropeço — e do pouso no chão — para a representação [5] muito mais atraente das muitas e muitas vezes, em que eu fiquei curado no passado, o que implica que o meu corpo também vai se curar de novo agora. Literalmente ver essa evidência convincente do poder da cura natural era muito mais agradável do que pensar em tropeçar e cair, e eu começo a relaxar e respirar com mais facilidade. A dor contínua mudou de um sinal de desastre para tornar-se simplesmente um aviso sobre a necessidade de proteger as áreas lesadas para permitir que a cura ocorra.
A representação [5] complexa da cura é uma que eu construí anos atrás, quando estava desenvolvendo o material para o meu livro sobre autoconceito, Transforme-se em quem VOCÊ Quer Ser [6]. A qualidade como a capacidade [7] de cura pode ser uma parte da percepção de quem você é, parte de seu autoconceito. É realmente muito simples construir um conhecimento sólido de que o seu corpo pode se curar a si mesmo.
Resumidamente, o primeiro passo na criação da cura como parte do que você sabe ser verdade sobre você mesmo é descobrir como você já representa uma qualidade que você sabe que é verdadeira para você. Pense em outra qualidade que você sabe que é verdadeira para você, tal como a honestidade ou a persistência, e observe o que você vê, ouve e sente internamente.
Embora existam muitas variações de como exatamente as pessoas fazem isso, as duas possibilidades principais são uma colagem de imagens de exemplos dessa qualidade (que é o que eu faço) ou uma apresentação sequencial de slides que apresenta uma imagem de cada vez em rápida sucessão. Cada uma delas tem vantagens e desvantagens, mas ambas funcionam bem, e também podem ser combinadas.
A localização dessa colagem ou da apresentação de slides em seu campo visual é muito importante, e também o tamanho, brilho, cor, 3-D, etc. de cada imagem. Você pode encontrar mais detalhes sobre como fazer isso em meu livro, ou ler aqui [8] (em inglês) uma transcrição literal do processo de estabelecer um novo aspecto do autoconceito.
Uma vez que você tenha determinado como já representa uma qualidade que você sabe que é verdadeira para você mesmo, o próximo passo é usar essa estrutura [9] como modelo [10] para construir uma nova qualidade, ou seja, a de que o seu corpo sabe como curar a si mesmo sem a sua ajuda ou interferência.
Elicie exemplos de cura, um de cada vez. Visto que nós geralmente ignoramos a cura, pode ser mais fácil pensar em uma lesão ou doença, e em seguida, rodar o filme desse momento em diante, até chegar ao ponto onde você percebe que está se curando por si só, e você se sente normal, ou quase normal, de novo. Por si só esse é um processo útil, pois também muda a forma como vivenciamos as memórias do passado.
Em seguida, faça essa imagem parecer como as do seu modelo [10] — o mesmo tamanho, brilho, cor, 3-D, etc. — e, em seguida, coloque a imagem no seu modelo [10].
Faça isso várias vezes até que o seu modelo [10] fique preenchido com imagens diferentes de curas bem-sucedidas. Essa coleção de imagens é muito mais forte e mais convincente do que uma única imagem. Quando você tiver feito isso, então, retroceda para a inconsciência [11], fornecendo evidências convincentes da capacidade [7] do seu corpo se curar de todos os tipos de lesões e doenças.
Alguém pode dizer: "Ah, eu sei que meu corpo pode se curar sozinho." Mas se não houver experiências representadas em um modelo [10] complexo, isso será apenas um conhecimento intelectual que não terá nenhum efeito sobre a experiência sentida e a fisiologia [12].
Eu tenho muita experiência na utilização desse processo para alterar muitos aspectos diferentes do autoconceito que resultam em mudanças úteis na atitude [13] e no comportamento [14] das pessoas. Eu sei que as pessoas experimentam mudanças em seu estado [15] que acham útil, e que isso fez a minha experiência da lesão ficar muito melhor subjetivamente. Eu não sei se o processo vai acelerar a cura, mas estou razoavelmente certo de que dar ênfase a um ferimento, ou ficar chateado por isso, irá interferir com a cura. Existe uma grande quantidade de evidências de que uma atitude [13] mais positiva melhora o sistema imunológico e a cura em geral.
O processo é fácil de se fazer, exige apenas um pequeno investimento do seu tempo, e eu não vejo como isso poderia fazer algum mal. Geralmente eu sou saudável, e me esquivei de um par de cirurgias recomendadas com base na minha suposição de que meu corpo geralmente pode curar-se a si mesmo. É bom ter em mente que, mesmo quando a cirurgia é necessária, é a capacidade [7] de cura natural do nosso corpo que une de volta as peças cortadas.
Depois de uns dois dias, o inchaço e dor ao redor do meu joelho haviam gradualmente diminuído, e em um certo ponto percebi que eu já estava andando normalmente, colocando todo o meu peso sobre a perna esquerda, não cambaleando mais e nem arrastando-a.
O artigo How to Mobilize and Support Natural Healing [16] encontra-se no blog de Steve Andreas [17]