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O lado pessoal das coisas
Antes de começar a usar a PNL, eu tive problemas com o "lado pessoal das coisas”. Eu gostava de estar com pessoas, mas, salvo um pequeno grupo de amigos íntimos, eu achava que socializar era muito desconfortável. Hoje em dia, com a visão e a perspectiva oferecidas pela PNL, reconheço que isso foi devido a uma falta de habilidades específicas e não uma questão de personalidade.
Eu não sei o que ela quer
Eles estavam juntos há 14 anos, eram pais amorosos com os dois filhos, cada um tinha o seu emprego e viviam a vida de forma plena. E Greg e Martha perderam contato um com o outro.
Isso aconteceu alguns anos atrás quando eu trabalhava como psicoterapeuta. Greg tinha vindo para fazer coaching e estávamos explorando onde ele queria que a sua vida estivesse dentro de alguns anos e eu perguntei: “Então, e o que Martha quer nos próximos anos?”
Isso o pegou de surpresa. "Bem, eu suponho que ela quer o mesmo que eu... É eu acho... A gente sempre quis as mesmas coisas, realmente..."
"Você está dizendo que não sabe o que sua esposa quer da vida?"
"Sim, eu suponho que estou", disse ele, muito pensativo. (Chegou aquele grande momento da sessão de coaching que quando a pessoa começa a usar muitos eu suponho, eu acho que, eu não sei, etc., você sabe que a sessão está começando a chegar nos problemas reais.)
Descobrimos que, embora estivessem juntos todo esse tempo, ele não sabia mais como era a vida para ela. Ele não sabia o que ela realmente pensava ou sentia.
Aprisionados pela lista de 'coisas a fazer'
Sim, ele concordou que eles costumavam ser muito unidos “e sim, é claro, nós ainda nos amamos, realmente...” (E esse “realmente” foi a pista para questões mais profundas.)
Mas eles já não discutiam mais sobre a relação deles. Raramente se sentavam e, como um casal, conversavam sobre o que cada um pensava ou sentia.
“Bem, sim, estávamos acostumados a isso o tempo todo desde que nos encontramos pela primeira vez – muitas vezes, nas primeiras horas da manhã” Greg disse, com uma certa saudade, “mas convenhamos, hoje não temos tempo para esse tipo de coisa – com os filhos, os empregos e tudo que temos para fazer. Nós raramente conseguimos tempo para falar. Mesmo quando o fazemos será sobre o que precisamos comprar, as contas ou a manutenção do carro, ou quem pega quem na escola, ou a lição de casa ou a saúde das crianças – isso não tem fim.”
Teremos tempo para isso, mais tarde
Greg estava mudo, e até agora, a atitude não pensada era: “É, mais tarde, quando tivermos mais tempo... vamos recuperar o nosso relacionamento.”
Infelizmente, esse é um padrão que eu vi, repetidas vezes, em mais de 20 anos trabalhando com pessoas – um padrão que evolue da seguinte forma em 5 etapas:
1. Os dias felizes
O casal se encontra e se apaixona. Cada um tem o seu emprego, o dinheiro é bom e o tempo é decisão deles mesmos. E eles querem “tudo”, exatamente igual aos seus pais, igual a todo mundo.
2. Juntando coisas
Então eles decidem comprar uma casa, os móveis, passar as férias no exterior, construir um anexo na casa, comprar um cachorro ou um gato, e depois os filhos.
3. Despesas e pressão
E, assim como todo mundo, eles agora têm mais despesas – e precisam pagá-las. E, gradualmente, eles estão conseguindo juntar esse “tudo” – às custas da intimidade e do lazer.
4. Etapa do colega de trabalho
À medida que eles se acostumam à constante necessidade de estarem “fazendo coisas”, cumprindo os prazos e lidando com a pressão, eles se tornam colegas de trabalho em vez de amigos.
5. Seguindo rumos distintos
Como colegas de trabalho, os sentimentos que eles associam subliminarmente com o outro são "trabalho, obrigações e uma infindável mesmice". Muito longe daqueles dias felizes quando tudo começou.
“Ele me entende”
O estágio “seguindo rumos distintos” é perigoso. Perigoso para o relacionamento.
Eles agora estão maduros para um caso fora do relacionamento / casamento.
Por quê? Porque um caso trará um frescor, entusiasmo, mistério, elogios e alguém que está preparado para se interessar por eles -– alguém que está preparado para nos perguntar a nossa opinião, sobre as nossas experiências e sentimentos – e que está preparado para realmente escutar plenamente o que nós dizemos.
É por isso que tantas pessoas, quando falam sobre o caso delas, fazem comentários como "ele realmente me entende" ou "ela realmente se interessa por mim e pelo que eu faço!"
Tempo para se refocar
Na minha experiência, isso não precisa acontecer. E não precisa continuar, se já aconteceu. E nem precisa ser o fim de um relacionamento.
Pessoas como Greg e Martha precisam parar, fazer um balanço e se perguntar: “se continuarmos assim, onde estaremos dentro de alguns anos?” Eles precisam reconhecer que as pessoas não podem continuar sempre esperando que um dia as coisas melhorem...
A resposta
Há muitas maneiras pelas quais eles podem voltar ao básico e obter as prioridades corretas deles. Mas, felizmente, o mais importante também é muito simples – eles precisam se conhecer novamente. Eles precisam começar a se interessar um pelo outro, como pessoas, ao invés de colegas de trabalho ou construtor de casas.
E a melhor maneira de começar é bastante simples, não custa nada e, na verdade, nem demora tanto tempo.
Ele precisa descobrir o que motiva a outra pessoa – em oposição ao que costumava motivá-la! E para fazer isso, ele precisa de apenas duas etapas:
1. Perguntar: primeiro pergunte
2. Escutar: depois escute o que ela diz
Primeiro você faz perguntas para a outra pessoa para descobrir do que ela gosta e do que não gosta? A opinião dela? O que ela mais quer na vida? E o que ela menos quer? Como foi no trabalho hoje? Como estão as coisas com o seu amigo Jack ou com sua colega Jill? Como você está se sentindo agora?
Então vem o truque. Você realmente escuta em silêncio o que ela diz...
Sem interromper.
Sem aconselhar.
Sem justificar.
Sem resumir.
Sem decidir o que ela queria dizer, como em "então, o que você realmente está tentando dizer é...".
Poucas pessoas escutam. A maioria está apenas esperando a oportunidade para falar.
O projeto
Sugeri um projeto para Greg. Ele e Martha reservariam 20 minutos por dia numa hora em que não seriam perturbados. Um cara e coroa decidiu quem começava. Então, cada um teve 10 minutos para falar sobre eles – enquanto o outro escutava silenciosamente.
Inicialmente, eles se sentiam um pouco constrangidos. Mas depois de algumas sessões começaram a ficar interessados. E depois dos 10 minutos de cada um, eles costumavam conversar e escutar. Depois de algumas semanas eles simplesmente abandonaram a regra dos 10 minutos.
Greg era um consultor administrativo. Ele me disse que Martha tinha o seu próprio negócio com uma equipe de 3 funcionários. Eles tinham assistido muitos workshops sobre habilidades de comunicação. Eles sabiam sobre a escuta empática e como descobrir o que motivava a outra pessoa.
Mas cada um deles deixava as suas ótimas habilidades de comunicação no trabalho.
Eles nunca pensaram em usá-las em casa.
Relacionamentos saudáveis
Uma vez eu estava tomando café com um amigo e ele comentou sobre a família que estava na outra mesa: "Essa aí é uma família saudável!"
Intrigado perguntei como ele podia dizer isso. "Observe como os pais estão conversando um com o outro – e os dois filhos também estão conversando entre eles, em vez de dar trabalho aos pais ou exigir a atenção deles."
Essa coisa de escutar
Muitas vezes, aceitamos o nosso mais próximo e querido sem discutir. Nós permitimos que as exigências do nosso tempo, como casal, tornem o processo de viver num relacionamento amoroso em uma questão de coisas a serem feitas, compras a serem feitas, pessoas a visitar, lugares para ir, prazos a serem cumpridos.
E a principal razão por estarem juntos é esquecida. A principal razão é criar felicidade e compartilhar isso um com o outro. Parece que a atitude silenciosa seja “nós não temos tempo para isso, agora – talvez quando isso ocorrer, significa que temos tempo e então vamos começar a nos relacionar um com o outro como estávamos acostumados”.
Reconectar um com o outro no nível emocional não é difícil. Não demora muito tempo – simplesmente exige motivação e a capacidade de fazer perguntas e, em seguida, realmente escutar as respostas – o que Greg mais tarde apelidou de "essa coisa de escutar".
Stephen Covey colocou isso de uma forma maravilhosa, se bem que um tanto bíblica: "procure entender primeiro – antes de ser entendido". Experimente por uma semana ou duas. Você pode se surpreender com o resultado. E se você não estiver fazendo essa "coisa de escutar", também poderá se surpreender ao descobrir o quanto o seu parceiro mudou desde a última vez que vocês realmente conversaram.
N.T. - o significado de ouvir remete ao sentido da audição, é aquilo que o ouvido capta. Já o verbo escutar corresponde ao ato de ouvir com atenção. Ou seja, escutar é entender o que está sendo captado pela audição, mas, além disso, compreender e processar a informação internamente. Uma boa leitura: Escutatória
O artigo original "Carelessness can destroy relationships" encontra-se no site: https://nlp-now.co.uk/