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Todos nós já estivemos nessa situação. Você encontrou alguém que lhe disse o nome e, pouco depois, você já está se esforçando para lembrá-lo!
Você está em casa e vai para uma outra peça, pegar alguma coisa, apenas para descobrir que não se lembra mais porque foi para lá! Aí você tem que refazer todos os seus passos e, assim que volta à peça inicial, se lembra do que queria!
Você passa minutos frenéticos procurando as suas chaves, antes de sair correndo para o trabalho – só para descobrir que elas estavam no seu bolso ou na bolsa.
Você escreve cuidadosamente a lista de compras do que precisa comprar no supermercado – e, quando chega lá, descobre que deixou a lista na mesa da cozinha!
"Não é mais tão engraçado!"
Muitos de nós, durante muito tempo, conseguimos enxergar o lado engraçado dessas ocorrências...
Até que começamos a ouvir falar das pessoas que perderam a memória quando ficaram mais velhas – e como, aparentemente, nós perdemos células cerebrais desde os nossos vinte anos de maneira permanente!
Depois a graça começa a desaparecer, e dá margem a um sentimento alarmante de que, talvez, nós também estejamos começando a mostrar sinais de envelhecimento mental.
Além disso, só nesse mês, isso já aconteceu três vezes. Ou talvez você já tenha notado que ultimamente está começando a esquecer muitas coisas. Ou alguém observa "O quê? Já se esqueceu? Calma... não faz mal... depois de tudo, na sua idade, muitas pessoas têm esse tipo de lapso..."
Juntando evidências seletivas?
As nossas mentes têm uma habilidade maravilhosa que é dar muita atenção a um determinado tópico, com a exclusão da evidência contrária. Nós decidimos que alguma coisa é verdadeira e aí começamos a procurar a evidência que a sustente. E porque, automaticamente, ignoramos qualquer evidência contrária, a nossa postura inicial é mantida intacta.
Essa é uma das maneiras que usamos para manter os nossos preconceitos, sejam eles raciais, religiosos, sexuais ou quaisquer outros. Eu decidi que todas as pessoas que têm certa característica são miseráveis, indignas de confiança ou estúpidas e, surpreendentemente, descubro evidências em todos os lugares! Isso ocorre porque eu estou procurando as evidências – e sou cuidadoso em "não perceber" nenhuma evidência contraditória.
O mesmo modo de filtragem pode ser aplicado ao nosso bem-estar mental e físico. Então, se eu acho que não sou bom para me lembrar das coisas a que estava acostumado, vou descobrir muitas provas disso.
Isso acontece porque eu estou prestando atenção no que esqueci, em vez de naquilo de que me lembrei. E nós, possivelmente, não podemos ter lembrança consciente de tudo. Não é somente desnecessário – decididamente, seria desconfortável.
Prepare-se de antemão para não falhar
Convenhamos que existe muita coisa para guardar na memória sobre a sua vida pessoal, totalmente à parte da vida profissional: compromissos, nascimentos. Aniversários. O que foi dito no noticiário. O nome daquele cantor ou da música. O que estamos falando agora. Envolvimentos e opiniões da família, o nome de amigos e vizinhos. Os líderes políticos. E assim por diante.
Também na vida profissional temos muitas outras coisas para nos lembrar e, como para algumas pessoas isso fica muito complicado, elas contam com a ajuda de diários ou agendas para se lembrar das coisas.
Você não pode se lembrar de tudo
Você está se preparando para fracassar – e muitas outras preocupações – se acreditar que deve ser capaz de se lembrar de tudo.
Compare a quantidade de informações com que você é bombardeado diariamente com aquela que seria se você tivesse vivido, digamos, 100 anos atrás. Naquele tempo a vida era muito mais simples – menos viagens para o cidadão comum, menos informações, um menor círculo de conhecidos, um círculo familiar mais fechado.
Provavelmente você não estaria preocupado com a sua memória – porque simplesmente não existiam muitas coisas para serem lembradas! Porém, mesmo então, as pessoas certamente esqueciam algumas coisas.
A vida nos dias de hoje é consideravelmente mais complexa, temos muito mais coisas para lembrar e para mostrar que podemos ser bem-sucedidos ao lidar com situações difíceis – auxiliados por diários e agendas.
Apesar disso não conseguimos nos lembrar de tudo e por isso precisamos ser seletivos.
Eu sugiro que você se torne mais ponderado em como usar sua memória e faça duas escolhas:
1. Dê permissão a si mesmo para esquecer muitas coisas – e sorria quando descobrir que é incapaz de se lembrar delas.
2. Melhore sua capacidade de conservar na memória as coisas importantes que devem ser lembradas.
Preste atenção – para uma melhor recordação
Existem centenas de estratégias para melhorar a memória e todas têm dois processos em comum: (1) registrar ou colocar a informação na sua memória e (2) recordá-la.
Embora a maioria preste atenção na qualidade da recordação, a chave é prestar atenção em como registramos a informação. Se a informação não faz uma boa impressão na nossa neurologia, vai ser difícil recordá-la.
Fazer uma boa impressão
Comece o seu curso para melhorar a memória prestando, realmente, mais atenção nas coisas! É simples assim. Por exemplo: muitas pessoas reclamam que não são boas para se lembrar de nomes quando, na realidade, elas são ineficientes para registrar os nomes.
Quando usamos a PNL para modelar a estratégia dessas pessoas, descobrimos que a dificuldade mais comum é o fato de elas estarem tentando fazer muitas coisas ao mesmo tempo.
Elas estão numa festa ou numa reunião e são apresentadas a alguém. No momento em que é dito o nome da pessoa, elas também estão pensando numa série de outras coisas como: será que estou vestido de acordo para a ocasião, o que será que essa pessoa pensa de mim, eu não estou lidando com isso muito bem, o que eu devia falar com essa pessoa, será que estou usando o aperto de mão correto, quem será aquela pessoa lá do outro lado da sala, etc., etc., etc.
Ou elas estão tentando se lembrar de fazer uma chamada telefônica depois da reunião, ou se perguntando se o filho está realmente melhorando do resfriado, ou se deviam comprar alguma coisa para comer em casa, etc., etc.
Conversas com múltiplas tarefas!
Elas estão tentando manter duas conversas simultaneamente – uma conversa em voz alta e externa com a pessoa para quem foi apresentada e outra "subvocal" com elas mesmas, dentro da cabeça delas.
Não é nada surpreendente que o som do nome da pessoa não faça uma impressão muito grande no cérebro delas. E que, segundos mais tarde, quando tentarem se lembrar, não o consigam!
E o mesmo processo se aplica em diversas situações diárias onde nos deparamos com informações que esperamos ser capaz de nos lembrar mais tarde.
Nós estamos tentando fazer coisas que, embora não sejam totalmente exclusivas, são quase. Estamos tentando registrar ou arquivar mentalmente imagens, sons ou informações físicas enquanto estamos falando, ao mesmo tempo e silenciosamente, com nós mesmos.
Não tem nada de errado com o diálogo interno em si. É que, por muito tempo, muitos de nós o usamos como nosso principal modo de pensar – e, frequentemente, existem modos melhores. Tais como registrar a informação sob a forma de imagens, sons ou sensações ou, melhor ainda, como uma mistura dos três sentidos.
No exemplo acima, para registrar o nome, o diálogo interno está interferindo com a maneira mais efetiva de unir o som do nome da pessoa com sua aparência e personalidade.
A explicação aqui é que o diálogo interno é decididamente inútil na comunicação interpessoal! É muito melhor manter apenas uma conversa de cada vez!
Você não consegue falar com eficiência consigo, dentro da sua cabeça, e ouvir o que está acontecendo, ao mesmo tempo, fora da sua cabeça. Você não consegue ouvir as duas conversas com eficácia. Alguns até conseguem se mover entre uma e outra com bastante habilidade – mas mesmo assim ainda perdem grande parte das duas!
Mas e aquelas células cerebrais que estão morrendo?
Sim, existe uma crença generalizada que a razão pela qual ficamos piores para lembrar de algumas coisas quando envelhecemos é a perda das células cerebrais com o avanço dos anos.
Cerca de vinte anos atrás, na Universidade de Sheffield, um estudante foi ver um médico por causa de uma pequena indisposição. O médico percebeu que a cabeça dele era levemente maior do que o normal e sugeriu que ele fosse ver o neurologista Professor John Lorber que trabalhava naquela universidade.
Usando um tomógrafo computadorizado, Lorber descobriu que em vez de um córtex cerebral normal com cerca de 45 mm de espessura preenchendo a cabeça, o jovem tinha apenas uma pequena quantidade de cérebro cobrindo o topo da sua coluna espinhal. O resto do crânio estava cheio de água. Seu córtex cerebral tinha apenas 1 mm de espessura!
O estudante tinha uma condição chamada hidrocefalia ou "água no cérebro". Ainda assim ele levava uma vida normal, tinha um QI de 126 e distinção acadêmica em matemática!
Use-a ou perca-a (de novo!)
Não é o número de células cerebrais que determina a nossa capacidade de recordação ou mesmo o nosso QI. É o número de conexões entre estas células cerebrais. À exceção de doenças físicas, nós temos células cerebrais suficientes para durar muito mais tempo do que o nosso corpo está planejado para durar.
E se você quer melhorar a sua memória – use-a, qualquer que seja a sua idade! Usar ativamente o seu cérebro de maneira eficiente é o que causa o aumento do número de conexões e o reforço da sua memória.
Quando você faz exigências extraordinárias ao seu cérebro, ele se mostra à altura da situação.
Não é o que você tem…
...é o que você faz com o que tem. Para se lembrar melhor você deve "registrar" melhor. Para registrar melhor, preste atenção – plenamente – por um momento. Dê toda sua atenção ao que você quer se lembrar.
Faça apenas isso e terá uma tremenda diferença na sua capacidade de recordar. E aí pode até se esquecer da contagem das células cerebrais...
Reg Connolly é Trainer Certificado e Master Practitioner de PNL, treinador de administração e vendas.
Esse artigo "My memory isn’t what it used to be!" está no site The Pegasus NLP Newsletter.
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