Pesquisa transderivacional

Termo do Mês - Setembro de 2019

Pesquisa transderivacional é essencialmente o processo de pesquisar entre as memórias e as representações mentais armazenadas por uma pessoa para encontrar as experiências de referência da qual foi obtida o comportamento, o julgamento ou a reação atual. Linguisticamente, uma pesquisa transderivacional envolve a busca entre as experiências pessoais para encontrar a referência sobre a qual alguém está falando.

Os cofundadores da PNL, John Grinder e Richard Bandler, propuseram, inicialmente, a noção de "pesquisa transderivacional" (1975) como a explicação de alguns dos padrões de linguagem usados pelo hipnoterapeuta Milton Erickson. Erickson costumava contar histórias e metáforas durante o seu trabalho terapêutico com os clientes. Ele podia começar falando para um cliente, que sofria de dores físicas, sobre tomateiros, por exemplo, e em algum momento, afirmava: "um tomateiro pode se sentir bem..." Como Bandler e Grinder destacaram:

No uso padrão do predicado sentir, há uma violação de restrição seletiva que exige que o substantivo que aparece como sujeito seja um animal ou um humano. Para a maioria dos falantes da língua inglesa, a frase citada acima (“um tomateiro pode se sentir bem”) é peculiar, especificamente, a restrição seletiva do predicado sentir foi violada. A frase não faz muito sentido. No conteúdo da hipnose, essa violação de restrição seletiva é enigmática para o cliente que, para dar sentido à comunicação de Erickson, ativa uma pesquisa transderivacional por possíveis significados relevantes. Nesse caso, o conjunto de Estruturas Profundas geradas pelo processo da pesquisa transderivacional será idêntico à Estrutura Profunda recuperada, exceto com um substantivo substituído na posição ocupada pelo substantivo que causou a violação da restrição seletiva… Uma das Estruturas Profundas geradas pelo processo da pesquisa transderivacional será a Estrutura Profunda associada com a Estrutura da Superfície: “…eu (o cliente) posso me sentir bem…”

Patterns of the Hypnotic Techniques of Milton Erickson, Volume I, pp. 225-226.)

Nota do tradutor: A gramática e o significado de certas palavras são diferentes em inglês, e a tradução fica prejudicada.

Em geral, para fazer uma pesquisa transderivacional, "o cliente ativa a busca por uma Estrutura Profunda adicional que seja mais relevante para a sua experiência contínua". Por exemplo, fazer uma pesquisa transderivacional sobre a frase "eu sofri um acidente", envolve voltar ao seu histórico pessoal para encontrar experiências pessoais de referência para "acidente". Uma pessoa pode se lembrar de uma ocorrência em que esteve num acidente de automóvel, por exemplo. Outra pode simplesmente se lembrar de uma vez em que derramou leite. Assim, a palavra “acidente” é essencialmente uma âncora ou um gatilho para um grupo de representações relacionadas.

Um princípio da PNL é que cada indivíduo tem as suas próprias experiências de referência únicas para qualquer conceito ou palavra específica, e as pessoas se referem às suas próprias experiências para dar sentido às experiências dos outros. Como exemplo: em um seminário de PNL, foi solicitado que as pessoas pensassem na representação da palavra "cachorro" e alguém começou a chorar porque o seu cachorro havia morrido no dia anterior atropelado por um carro. Esse tipo de coisa acontece com frequência porque as palavras são âncoras que acionam pesquisas transderivacionais.

Muitas vezes, é importante saber quais as experiências de referência que uma pessoa usa quando está falando e se referindo a um assunto específico. O metamodelo foi concebido como uma ferramenta linguística para ajudar a guiar as pessoas em uma pesquisa transderivacional pelas experiências específicas que compõem a estrutura profunda das suas descrições, declarações e julgamentos verbais.

O processo da pesquisa transderivacional também está na base de fenômenos como a sugestão hipnótica. Ao trabalhar com padrões hipnóticos, a pesquisa transderivacional é utilizada para ajudar a criar e a direcionar os estados particulares da consciência. Por exemplo, um hipnoterapeuta pode sugerir que um sujeito "incorpore esses novos aprendizados e conhecimentos da maneira que for mais significativa para ele hoje em sua vida". Essas palavras em si não significam nada. O que são “aprendizados”? Alguém aprendendo algo especificamente, através do “conhecimento” do quê? No entanto, através do processo natural da pesquisa transderivacional, uma pessoa criará um "significado" relevante a partir de sugestões como essa.

No nível terapeutico, a pesquisa transderivacional tem semelhanças com o processo de “associação livre”, usado pelos psicanalistas para ajudar o paciente a identificar as principais memórias associadas aos sintomas. Em comparação, o processo da pesquisa transderivacional pode ser mais apropriadamente chamado de “associação direcionada”. O indivíduo é solicitado a focar a sua atenção no efeito específico que está criando a dificuldade atual e permitir que esse sentimento (mesmo que seja desconfortável) o conduza de volta aos acontecimentos no passado que compartilharam a mesma reação emocional. A participação do termo "pesquisa transderivacional" é que se está pesquisando através das experiências passadas, a partir das quais o sintoma ou "a estrutura de superfície" atual foi obtida.

Em muitas técnicas de PNL, essa "pesquisa transderivacional" é facilitada pelo uso ou de uma "linha do tempo" mental ou física e/ou por uma "âncora". O uso de uma linha do tempo envolve fazer com que a pessoa se mova mental ou fisicamente ao longo de sua linha do tempo em direção ao passado. Por exemplo, uma "linha do tempo" pode ser fisicamente colocada no chão. O indivíduo começa posicionando-se em um local que representa o presente e ele voltado para o futuro. A pessoa é então instruída a andar para trás, "para o passado", enquanto concentra a sua atenção no sentimento ou na reação problemática, e perceber qualquer memória ou associação que surja.

A “ancoragem" utiliza o processo de associação para criar um gatilho para o sentimento ou reação problemática. A âncora pode então ser usada para ajudar o indivíduo a manter focada a sua atenção. Uma aplicação comum de ancoragem seria o facilitador tocar o indivíduo no ombro, braço ou joelho quando o indivíduo estiver enfrentando o estado problemático. Por meio do condicionamento associativo, esse toque se torna um gatilho ou uma "âncora" para a experiência do estado. Mantendo a 'âncora', o facilitador pode ajudar o indivíduo a manter um foco mais concentrado nos sentimentos e pensamentos associados ao estado durante o processo de busca.

Os dois métodos podem ser usados para ajudar a orientar uma pessoa a encontrar as circunstâncias originárias de um problema ou sintoma. Eles podem ser especialmente úteis quando o indivíduo tem resistência em trazer à memória uma determinada memória porque ela contém conteúdos traumáticos ou medrosos. Um bom exemplo de como o processo da pesquisa transderivacional opera é o caso de um homem que era mergulhador profissional. O homem procurou um Practitioner de PNL porque, em sua opinião, ele ficava irracionalmente nervoso e com medo se estivesse mergulhando em águas barrentas ou "turvas". O Practitioner de PNL pediu ao homem que desse atenção ao sentimento e se permitisse “voltar” ao longo de sua linha do tempo. Uma âncora foi criada para o seu estado de medo para ajudá-lo a manter o foco. Depois de procurar por um tempo, o homem de repente se lembrou da sua infância. Ele e um amigo estavam nadando em um lago perto da casa dele. Foi logo depois de uma tempestade, e a água estava bastante escura. Eles viram algumas pessoas em um barco procurando no fundo do lago o corpo de uma pessoa que havia se afogado durante a tempestade. O homem envolvido na pesquisa transderivacional (que era menino na época do incidente) lembrou subitamente que, enquanto ele e seu amigo observavam a cena, ele pisou em algo que parecia estranho. Quando ele avançou mais na água turva para descobrir o que era, ele percebeu que havia encontrado o corpo. Foi uma experiência chocante e assustadora para ele naquela idade, mas que ele já havia esquecido há muito tempo (ou potencialmente "reprimido").

Depois que a experiência na raiz do problema ou do sintoma foi identificada, a ancoragem e outras técnicas podem ser usadas para atualizar a experiência, considerando a nova perspectiva e vinculando-a com recursos e escolhas adicionais. Uma vez que ele ficou ciente da fonte do seu medo, o mergulhador foi capaz de reexperimentar o incidente com seus recursos e compreensão adultos, eliminando o medo de uma vez por todas.

Várias técnicas de PNL, como Mudança de História Pessoal, Reimprinting, Modelo SCORE e outros formatos que envolvem o uso de linhas de tempo, são baseadas no processo da pesquisa transderivacional.

Termo do Mês - Setembro de 2019