Usando o estresse para motivar

Escrito por: 

Publicado em: 

qua, 09/06/2010

Um olhar da PNL para evitar o arrependimento

Uma das formas pela qual a PNL se distingue é em modelar como nós conseguimos resultados em nossas vidas, resultados importantes e alguns não tão importantes. Na modelagem da PNL, nós identificamos os passos mentais e fisiológicos precisos que usamos para obter um resultado específico. E, a princípio, nós não fazemos distinção entre alcançar um resultado desejado ou um indesejado – isto vem mais tarde.

Podemos ver como isto funciona, usando a PNL para modelar algumas características de pessoas que nunca farão um esforço para fazer o que elas querem na vida – até que seja tarde demais e a oportunidade tenha passado!

Se eu pudesse viver a minha vida novamente

Muitos anos atrás, eu me deparei com um poema chamado "Se eu pudesse viver a minha vida novamente" e escrito, aparentemente, por uma senhora de 85 anos de idade chamada Nadine Stair. Nele, ela fala de todas as coisas que faria se tivesse uma segunda chance e finaliza: (veja abaixo o poema na íntegra, chamado de Instantes em português.)

Eu começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças.

Banindo a aventura

Tal como as pessoas que me mostraram esse poema, também eu o achei fantástico e inspirativo. Isto é, até que um amigo menos romântico e mais pé no chão me chamou a atenção de que ele, na verdade, é bastante trágico!

Aqui está essa mulher que, depois de passar 85 anos neste mundo, está olhando para trás e para todas as coisas que ela poderia ter feito e não as fez! É um poema de arrependimento. Ela entrou no modo de operação "se eu" – se eu tivesse feito isso, se eu não tivesse feito aquilo, etc.

(Casualmente, é bem improvável que o poema tenha sido escrito por esta senhora de 85 anos. É mais provável que ele seja baseado num artigo escrito pelo humorista Don Herold e publicado na Reader's Digest de outubro de 1953, quando ele tinha meros 64 anos.)

-Se eu - e o arrependimento

Por mais de 18 anos, eu tenho conduzido, grupos de controle do estresse e também uma clínica particular para aconselhamento individual e coaching. Eu me encontrei e trabalhei com milhares de pessoas e, realmente, estou acostumado com estes momentos não incomuns quando as pessoas mais velhas suspiram e dizem – se eu tivesse feito aquilo - se eu tivesse aproveitado aquela oportunidade – se eu tivesse agido em vez de ter hesitado! Mas... Agora é muito tarde...

É, de fato, um pouco tarde. Mas, muitas vezes, somos capazes de inventar maneiras que permitam que elas realizem seus sonhos – ou, pelo menos, uma versão modificada dele.

Mas aquelas pessoas com momentos "se eu" me convenceram da importância de não agir como se tivéssemos um tempo ilimitado. A percepção delas das oportunidades perdidas, suas tristezas, e o sentimento de arrependimento me motivou a assegurar que eu não iria fazer da mesma maneira. Elas me supriram com o que na PNL nós chamamos de motivação de "afastamento" para não fazer o que elas fizeram.

Vamos fazer isto... um dia…

Você vê muitas pessoas, quando jovens ou mesmo na meia idade, agirem como se tivessem todo o tempo do mundo. Então, se nós desperdiçamos esse tempo – pensando que um dia iremos "finalmente fazer alguma coisa" para ter uma vida fantástica, em algum ponto indeterminado do futuro.

E, provavelmente, a maioria das pessoas nunca fará um esforço para fazer algo – porque o futuro delas estará sempre no futuro.

O que nós fazemos hoje está criando o futuro

Ao usar a PNL para modelar pessoas que foram bem-sucedidas em suas vidas, uma característica que eu percebi inúmeras vezes é que elas tinham uma ideia muito clara sobre a relação entre o presente e o futuro.

Elas tinham uma avaliação muito nítida da conexão entre o presente e o futuro. Elas percebiam que o que estavam fazendo agora, estava criando o futuro delas.

Elas não esperavam até a próxima semana ou o próximo mês para começar a ter um grande futuro. Elas sabiam que o que elas estavam fazendo, e não o que elas iam fazer, é que estava criando o futuro delas.

Compare isso com o modo como a maioria das pessoas pensa sobre os seus sonhos para um grande futuro. Em vez de ir atrás e fazer, elas falam para si mesmas em vez de agir...

Não, sério, eu vou começar a viver o meu sonho... um dia, logo logo...

…quando chegar a hora…

…quando eu tiver um pouco mais de tempo…

…quando as crianças começarem a ir para a escola.

…quando as crianças terminarem de estudar.

…quando a pressão no trabalho tiver diminuído.

…quando nos mudarmos para a nova casa.

…quando tivermos terminado de arrumar a casa nova.

…quando eu tiver construído a nova estufa.

…quando eu tiver mais dinheiro.

…quando eu estiver financeiramente estável.

…quando eu me aposentar.

…quando a minha saúde melhorar…

Sim, mas…

É muito fácil se convencer a não fazer alguma coisa, não é? É muito fácil racionalizar, permanecendo na nossa zona de conforto. É muito fácil desligar a nossa mente das pequenas oportunidades da vida e, em vez disso, optar pela escolha mais segura de ver televisão ou ler um livro.

Existem sempre boas razões para não agirmos agora.

Podemos chamar isso de ser cauteloso ou estar no modo de reunir informações ou ser realista ou tomar uma abordagem estratégica. E, algumas vezes, esses álibis são realísticos e verdadeiros. E, muitas vezes, nós estamos simplesmente nos iludindo.

Tenha um sonho

Muitas pessoas vivem suas vidas para terem coisas. Elas querem ter coisas porque acreditam que ter essas coisas dará a elas as sensações que elas querem. Lógico, é nisso o que o pessoal do marketing e da publicidade quer que elas acreditem.

Mas há um caminho mais curto, e que, não necessariamente, envolve mais sacrifícios...

Pense em como você gostaria que fosse a sua vida, digamos, daqui a cinco anos. Agora, ao invés de pensar no que você quer estar fazendo ou possuindo, que tal pensar em como você quer se sentir nessa visão futura da sua vida. Em outras palavras, pense que valores você quer. E use esses sentimentos ou valores como guia para construir o seu sonho ou visão para o seu futuro.

Pontos de ação

  1. Pense em todos aqueles grandes planos ou sonhos que você tem ou teve. Imagine que a sua vida está perto do fim e que eles ainda são apenas sonhos – como você se sentiria?
  2. Tome a decisão de que você não vai se deixar levar para este futuro de arrependimento.
  3. Decida que irá começar a estabelecer prioridades para os seus sonhos – dar prioridade para o futuro que você realmente quer.
  4. Observe como você se conduz atualmente para dar prioridade a outras coisas.
  5. Lembre-se, o seu futuro está sendo criado pelo que você está fazendo hoje.
  6. Revise agora e reflita sobre o futuro que você esteve criando até agora. É esse realmente o futuro que você quer?
  7. Identifique o que você pode fazer durante o resto do dia e durante os próximos dias que irão começar a levá-lo em direção ao seu sonho.
  8. Faça.

O último episódio da série de comédias chamada Frasier foi transmitido na Grã Bretanha em setembro de 2004. No final do programa, Frasier, como o psiquiatra apresentador de rádio, diz para seus ouvintes – "o que mais nos arrependemos são das oportunidades que nunca aceitamos".

Já é uma ideia, não é?

Reg Connolly é Trainer Certificado e Master Practitioner de PNL, treinador de administração e de vendas.

Este artigo "Using stress to motivate" está no site The Pegasus NLP Newsletter.
(c) 2000-2009 Reg Connolly - copyrighted, todos os direitos reservados.

Instantes

Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido;
na verdade, bem poucas pessoas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvete e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu
sensata e produtivamente cada minuto da sua vida.
Claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver,
trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feito a vida:
só de momentos - não percam o agora.
Eu era um desses que nunca ia à parte alguma
sem um termômetro, uma bolsa de água quente,
um guarda-chuva e um paraquedas;
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos
e sei que estou morrendo.

De Nadine Stair - Comumente atribuído a Jorge Luís Borges

Tradução JVF, direitos da tradução reservados.

Categoria: