A origem da voz humana, o meio de comunicação mais natural que existe, é controverso. Segundo os estruturalistas é fruto do aprendizado por imitação ou modelagem, em contraposição às formulações de Chomsky que defende ser a linguagem uma capacidade humana natural, registrada no DNA O fato é que a comunicação é o maior instrumento das relações humanas. E, além do som, a humanidade criou uma série de codificações, escritas, gestuais, signos e sinais que transformaram a linguagem na grande ferramenta de mudanças intra e interpessoal.
O presente "Livro do Mês", "A Linguagem da Mudança", ensina-nos o uso criativo desse instrumento humano e é de autoria de um autor de nacionalidade alemã, bastante envolvido com o Brasil. Bernd Isert, formado em Engenharia Cibernética, há anos ministra em nosso país cursos de PNL, Terapia Sistêmica, Coaching, e é fundador do "Metaforum – Academia para Comunicação Criativa".
Em "A Linguagem da Mudança", edição da Qualitymark, Rio de Janeiro, Bernd Isert explana didaticamente à luz da PNL e de outros instrumentos comunicacionais e de mudanças, os fundamentos do uso da linguagem como transmissor de informação e os princípios de comunicação. Utilizando com rara eficácia a estrutura de diálogo, Isert consegue gerar uma sensação de que estamos conversando com o próprio autor, travestido no papel de dois interlocutores.
Disserta didaticamente sobre os dois consagrados modelos da Programação Neurolinguística com relação ao "modus operandi" do processo linguístico: o metamodelo e o modelo Milton. E detalha o efeito das palavras sobre as pessoas, o diálogo interno, estilos e metaprogramas, o mapa e o território, e como gerar relacionamentos equilibrados. Explana nossa capacidade de expressão sensorial, além de nos instruir de como aprimorá-la.
Um belo livro. Em suas 167 páginas aprendemos a estabelecer metas, gerar mudanças. Ensina o leitor a operar o Metamodelo, descrevendo e exemplificando os tipos de omissões: omissão pura, omissão de uma comparação, palavras referenciais pouco específicas, verbos inespecíficos, nominalizações. Conceitua e detalha Generalizações, ensinando o que são termos universais, necessidades e impossibilidades, lugares comuns e ditados populares. Em Construções e Suposições não Comprovadas o leitor torna-se íntimo de informações sobre leitura de pensamentos, significados e suas classificações, consequência e pressuposições.
Um excelente manual. Aprendemos a ouvir, calar e valorizar. Vivenciamos ressignificações criativas, o que significa modelo retórico, como trocar recursos – e como trabalhar terapeuticamente.
Em "Linguagem e Sentido" o autor introduz o leitor na linguagem hipnótica. O Modelo Milton, as metáforas, as histórias, são definidas e disponibilizadas ao leitor como importantes instrumentos de mudanças.
Na última parte da obra, em "Para Dentro de Si", somos brindados com dois exemplos de viagens imaginárias criadas a partir dos modelos linguísticos de Milton Erickson, tendo como objetivo relaxar o leitor e prepará-lo para recepcionar "processos de aprendizagem inconscientes e completos, novas ideias, experiências referenciais positivas e recursos". Na terceira viagem, fruto de um seminário, o leitor vivencia uma autointegração, processo inspirado em rituais xamanísticos de transformação.
Livro para gerar enriquecimento pessoal e profissional. Jairo Mancilha, diretor do INAp, ao prefaciar a obra, faz feliz uso de palavras de Guimarães Rosa que, de certa forma, espelha toda a riqueza de "A Linguagem da Mudança":
"O que vi, sempre, é que toda ação principia mesmo é por uma palavra pensada. Palavra pegante, dada ou guardada, que vai rompendo rumo".
João Nicolau Carvalho, trainer em PNL